PORQUE O SOCIALISMO NÃO DEU CERTO EM NENHUM LUGAR

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Por Pr. Elton Gomes Lucas

Antes de começar a discorrer sobre o assunto, é preciso ressaltar que este é um site de teologia e, dessa forma, o assunto aqui retratado será abordado dentro de uma visão Teológica.

Em princípio, precisamos avaliar a época em que Marx escreveu o capital. Graças à Revolução Industrial, cresceu muito o número de produtos a disposição dos consumidores, mas Marx percebeu que os operários que produziam aqueles produtos não tinham condição de usufruir dos mesmos. Tal constatação concorda com as Escrituras quando dizem: “Na Lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi que debulha {Dt 25,4}. Acaso Deus tem dó dos bois? Não é, na realidade, em atenção a nós que ele diz isto? Sim! É por nós que está escrito. Quem trabalha deve trabalhar com esperança e igualmente quem debulha deve debulhar com esperança de receber a sua parte (I Co 9: 9-10).

Ou seja, a visão inicial de opressão dos trabalhadores é completamente correta e bíblica. Poderíamos discorrer aqui vários testos bíblicos em que a preocupação com a justiça social, tão negligenciada por políticos e até por cristãos, é fundamental. Entre outros, citamos os Livros de Amós, Miquéias, o capítulo 5 de Neemias, o Sermão da Montanha. O importante aqui é identificar que tal preocupação de Marx com os trabalhadores oprimidos por um capitalismo mal aplicado (como veremos no trecho abaixo) não tem nada de pecaminosa. Pecado é negligenciar tal coisa.

Num dos capítulos mais vibrantes de O Capital, Karl Marx dá especial atenção ao fato de que muitos empregadores de seu tempo estavam levando seus empregados à morte em condições horríveis. Citando relatórios de inspetores de fábricas e magistrados, sua descrição é repleta de detalhes incríveis. Numa indústria de rendas em Nottingham “crianças de nove ou 10 anos eram arrancadas de suas camas esquálidas às duas, três ou quatro da manhã e forçadas a trabalhar por salários de subsistência até dez, onze ou meia-noite, seus corpos encolhendo, seus rostos embranquecendo, suas condições humanas afundando num torpor de pedra, verdadeiramente horrível de se contemplar” (Gareth Morgan).

Podemos citar ainda denúncias apresentadas por Kropotkin, que era uma líder anarquista que escreveu o seguinte a respeito do liberalismo, pós revolução industrial: “Ao longo dos tempos, tudo o que permitia aos homens aumentarem sua produção, ou mesmo continuá-la, foi apropriado por uns poucos. a terra pertence a esses poucos, que podem impedir a comunidade de cultivá-la. as minas de carvão, que representam o trabalho de gerações, pertencem a uns poucos. os teares, que representam, em seu atual estado de perfeição, o trabalho de três gerações de tecelões de Lancashire, pertencem também a uns poucos. e se os netos desse mesmo tecelão que inventou o primeiro tear reivindicarem seus direitos de usar uma dessas máquinas, ouvirão no mesmo instante: ‘Tirem as mãos daí! Essa máquina não lhes pertence!’ As ferrovias pertencem a uns poucos acionistas, que talvez nem saibam onde fica a ferrovia que lhes proporciona uma renda anual maior que do que a de um rei medieval. e se os filhos das pessoas que morreram aos milhares na escavação de túneis se reunirem – uma multidão esfarrapada e faminta – e forem pedir pão ou trabalho aos acionistas, serão recebidos com baionetas e balas”.

Só que apesar de partir de uma situação que realmente precisava ser denunciada e combatida, Marx apresenta soluções de forma equivocada. Para Marx, a força que move todo o processo da evolução social é econômica. A luta pela subsistência é um impulso fundamental do homem, que se sobrepõe a todos os outros em caso de conflito. Em outras palavras, na base de toda a transformação histórica está na lógica de um desenvolvimento econômico autônomo e gradual, de progresso nos métodos e organização da produção.

Marx combatia o capitalismo, por entender que este liberta as forças da produção e em seguida transforma essa realização numa cadeia e num instrumento de injustiça. Marx esperava a libertação do homem pela ação do motivo econômico, ao invés do pensamento bíblico, no qual o homem só pode libertar-se pela regeneração espiritual. A partir daí, Marx descarta Deus, considerando-o como um vício popular.

No momento em que Marx coloca no ser humano, em especial no proletariado, as ações para sua libertação e defende que esse proletariado assuma as rédeas de seu desenvolvimento econômico e político, descartando Deus e seu poder, Marx decreta o fim das ideias socialistas. “A tentativa de erradicar Deus da mente e da alma das nações só produziu um vazio maior e uma maior fome de verdade espiritual” (Rice Broocks).

Tal posição de Marx tem uma razão de ser. Ele era discípulo de Bruno Bauer, que publicava visões de que a história de Jesus tinha suas raízes no mito. Que Jesus nunca existiu. Essa visão s tornou parte fundamental do dogma comunista.

Em todas as tentativas de alguma forma de socialismo, de trabalhadores tomando o poder pela força e governando, o que se assistiu foram aqueles que eram explorados pelos donos do capital, passarem a serem explorados, massacrados, pelos seus antigos companheiros. Isso não começou com Marx ou com o comunismo. Já na Revolução Francesa, quando os jacobinos assumiram o poder, a opressão dos pobres foi muito pior do que a praticada pelos Reis Absolutos.

Leonardo Padura traz essa reflexão de Liev Trotski –  líder da Revolução Bolchevique:

A classe operária tinha demonstrado com a experiência russa a sua incapacidade de governar a si própria, então seria necessário admitir que a concepção marxista da sociedade e do socialismo estava errada. E aquela possibilidade coloca o cerne terrível da questão: seria o marxismo apenas mais uma ideologia, uma espécie de falsa consciência que levava as classes oprimidas e seus partidos a acreditar que lutavam pelos seus próprios objetivos quando na realidade estavam beneficiando os interesses de uma nova classe governante? A vitória de Stalin e de seu regime se ergueriam como o triunfo da realidade sobre a ilusão filosófica e como um ato inevitável da estagnação histórica. Muitos se veriam obrigados a reconhecer que o stalinismo não tinha suas raízes no atraso da Rússia nem no ambiente imperialista hostil, como chegou a ser dito, mas na incapacidade do proletariado de se transformar em classe governante. Teriam que admitir também, que a União Soviética não fora mais do que a precursora de um novo sistema de exploração e que sua estrutura política tinha inevitavelmente de gerar uma nova ditadura, maquiada, quando muito, com outra retórica.

Em resumo, o socialismo não deu certo porque, a partir de um diagnóstico correto, foi concebido de maneira equivocada e aplicado de maneira mais equivocada ainda. Isso é, diagnóstico correto e remédio errado.

 

 

 

 

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