A Teologia como ela é
Pr. Elton Gomes Lucas
Já não faz muito tempo uma idéia imperava no meio evangélico: estudar teologia afasta as pessoas de Deus. Tal proposição trazia consigo um ledo engano: confundir teologia com as idéias de alguns teólogos. É verdade que alguns destes homens, influenciados pelo Racionalismo, pelo Iluminismo e pelo Liberalismo, propuseram uma Teologia totalmente desprovida de espiritualidade, de fé nas Escrituras, de milagres e de Deus. Ricardo Barbosa de Souza afirma que o Iluminismo produziu uma “geração de teólogos que não oram”. Mas as proposições destes estudiosos não é a Teologia em si. São apenas suas propostas teológicas, que como tal devem ser consideradas, porém não expressam o que a Teologia tem a dizer.
Hoje o estudo teológico não é mais desprovido de espiritualidade, mas enfrenta ainda várias resistências. Há aqueles que preferem manter uma proposta passada de afirmar que a Teologia é anti-espiritual, sem, contudo, explicar o porquê. Outros atacam os estudos teológicos porque estes vêm de encontro às suas crenças errôneas e ainda outros afirmam que a Teologia não é ciência e está destituída de valor científico.
À primeira oposição respondemos que não devemos combater o que não entendemos e nem sabemos o que significa. Aos segundos afirmamos que o verdadeiro estudo teológico realmente nos confronta, mas devemos saber conviver com este confronto e ceder nossas crenças em favor da verdade. Aos últimos declaramos que a Teologia não é só uma ciência como é a mais importante de todas as ciências. É só verificarmos que ela traz todas as respostas que buscamos e há também o lado humano da história: morre muito mais gente no mundo por erros teológicos do que por erros relacionados a qualquer outra ciência.
Depois de tanto falarmos do que a Teologia não é, passemos ao que ela é: Teologia é o estudo que busca entender quem é o Deus em quem cremos e quais são suas propostas. Podemos dividir as pessoas em dois grupos: aqueles que crêem em alguma divindade e os que não crêem em nenhuma. Entre os que crêem também há dois grupos: os que crêem em um Deus pessoal e os que acreditam em algum tipo de divindade impessoal, isto é, sem personalidade própria. Finalmente no primeiro grupo, o do Deus pessoal, podemos identificar aqueles que consideram que este Deus é o Deus de Abraão. Aí se encontram as Teologias Cristã, Islâmica e Judaica.
A Teologia Cristã engloba várias linhas de pensamento, mas as duas principais propostas são a Católica e a Evangélica. Há muitas diferenças entre elas, todavia aqui vamos falar das duas principais: a intermediação dos homens e as fontes teológicas.
Dentro da proposta evangélica, toda intermediação entre Deus e os homens só pode ser feita pelo homem Jesus. Já a proposta católica inclui a intermediação sacerdotal (confissão) e a intermediação dos santos e da mãe de Jesus.
Para os evangélicos só existe uma fonte teológica (uma base para se formar doutrinas a partir dela): as Escrituras. Já os católicos apontam seis fontes teológicas: as Escrituras (incluindo os apócrifos do Antigo Testamento), as Encíclicas Papais, O Magistério da Igreja, os Dogmas, a Tradição Patrística e os Concílios da Igreja. As divergências de crença advêm das outras fontes teológicas, ou seja, tudo o que os católicos afirmam como crença e que os evangélicos não aceitam está baseado em uma fonte teológica não bíblica.
Para encerrarmos concluímos que um cristão evangélico faz teologia cada vez que aplica uma verdade das Escrituras. A forma mais segura, entretanto, é termos doutrinas embasadas em pelo menos três passagens escriturísticas (evitando assim a aplicação de textos isolados), sendo que pelo menos uma destas passagens esteja no Novo Testamento.