Voltando ao primeiro amor
Pr. Elton Gomes Lucas
Tema: Uma igreja que andava na alma
Texto: Ap 2: 1-7
Introdução: Éfeso foi a única igreja a receber duas cartas nas Escrituras. Na primeira, Paulo dá instruções eclesiásticas para aquela igreja andar segundo o caráter cristão correto. Na segunda o próprio Jesus chama atenção para a motivação daquela igreja. Qual era a motivação para as obras da Igreja de Éfeso? Qual deve ser a motivação para uma igreja hoje?
Desenvolvimento: Jesus começa se identificando como Aquele que tem as sete estrelas na mão e anda entre os sete candelabros de ouro. Sabendo que as estrelas representavam a liderança da igreja e que os candelabros eram as próprias igrejas, o Senhor demonstra que está presente e no controle de tudo o que diz respeito à sua Igreja. Enganam-se aqueles que buscam tirar qualquer proveito da igreja do Senhor, achando que Ele não está se preocupando com o que acontece. Ai dos falsos líderes e dos falsos profetas, dos que trazem falsos ensinos e despojam a igreja.
Em seguida, o Senhor faz menção ao conhecimento que tem das obras daquela igreja e do trabalho árduo e da perseverança daqueles crentes. Nada passa despercebido a Jesus. Ele reconhece o trabalho da igreja.
Ilustração 1: Existe a igreja preguiçosa. A que se fecha no seu mundinho e não quer nem saber o que se passa a sua volta. Ex: padre ortodoxo e igrejas luterana e anglicana quando chegaram ao Brasil.
A igreja de Éfeso não era uma igreja preguiçosa. Era uma igreja que trabalhava arduamente. Também não era uma igreja que desistia diante das dificuldades e dos perigos, pois era perseverante. O seu problema era outro.
Jesus afirma que aquela igreja não tolerava o mal e que pusera à prova os falsos apóstolos.
Ilustração 2: Existe a igreja imoral, a que aceita tudo como normal, traz o mundo para dentro dela e abusa da graça de Deus, esquecendo-se que a graça transforma aqueles que são alcançados por ela e todos os que não foram transformados e não deixaram as paixões humanas, nunca foram alcançados pela graça. Existe a igreja ingênua, que acha que todo o diz ser cristão é realmente e vai dando oportunidade para todo mundo. Ex: missionário chileno.
A igreja de Éfeso não era imoral. O problema do mal já estava vencido e também não era ingênua. Havia rejeitado os falsos apóstolos.
O Senhor fala da igreja de Éfeso como uma igreja que suportava sofrimentos sem desfalecer. O sofrimento faz parte da vida cristã, não porque Deus tem prazer em nos fazer sofrer, mas porque o sofrimento tornou-se necessário para remover os vestígios do mundo de nós. A questão não é se sofremos ou não sofremos, mas como reagimos ao sofrimento. Existem igrejas que dizem que o crente não tem que sofrer e que o sofrimento é fruto de pecado. Isso, porém é falsa doutrina. A igreja de Éfeso era forte, pois suportava o sofrimento e não desfalecia.
Jesus também ressaltou o fato daquela igreja ter rejeitado a doutrina dos nicolaítas, que Ele, o Senhor, também rejeitara. Enquanto outras igrejas estavam caindo nesse engano pré-gnóstico, a igreja dos efésios não tinha sido iludida.
Ilustração 3: Existem igrejas que não cresce na palavra. São igrejas que acham que teologia atrapalha a espiritualidade e cometem erros primários. Normalmente aceitam doutrinas que já foram rejeitadas há anos pela Igreja, como a Retribuição, por exemplo.
A igreja de Éfeso não era assim. Era uma igreja com uma boa base teológica. Por lá passaram Paulo, Timóteo e o Apóstolo João. Era uma igreja comprometida com o ensino recebido e que não abria mão das bases do Evangelho. Por isso, rejeitara os nicolaítas e todo falso ensino que lhe era trazido.
Éfeso, destarte, seria uma igreja perfeita: perseverante, trabalhadora, forte, que se sacrificava, teologicamente sadia, na qual o mal já estava vencido. Hoje talvez olhássemos para uma igreja assim e ficássemos admirados, apesar de que provavelmente hoje não seria uma igreja com muitos membros, já que as pessoas estão buscando igrejas com um “evangelho mais light”.
Éfeso, entretanto, tinha um grande problema: tinha deixado a motivação espiritual pela motivação da alma. Fazia todas aquelas coisas, não motivadas pelo espírito e sim pela alma. A motivação era o próprio interesse da igreja, não mais o de Deus. Muitas vezes nós buscamos fazer grandes coisas para Deus, mas não buscamos o que Ele quer que seja feito. Éfeso havia abandonado o amor que havia sido o combustível das suas primeiras obras. As de agora eram motivadas por interesse, por orgulho espiritual. Não por amor. E conforme I Co 13, nenhuma boa obra, nenhuma teologia, nenhum dom ou sacrifício feito sem amor tem qualquer valor.
Conclusão: A motivação da igreja de Éfeso era a alma e tudo o que faziam, por melhor que fosse, perdia o valor. A igreja hoje precisa aprender a agir em espírito, a receber de Deus e depois agir. A igreja precisa fazer tudo motivado pelo amor.
Para Éfeso e para nós restam duas alternativas: continuar a andar na alma e perder o castiçal, isto é, perder a própria igreja ou vê-la se perder. Ou lembrar de onde caiu, arrepender-se, consertar, andar em espírito, ser motivada pelo amor e receber o direito de comer da árvore da vida. O que você quer? Talvez você ache que vem fazendo tudo certo: é uma pessoa honesta, fiel, trabalhadora, caridosa, que só faz o bem. Mas qual é a motivação para tudo isso? Se for amor a Deus continue. Se for puro interesse e orgulho, mude.