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A PRESCIÊNCIA – CRITÉRIO PARA A PREDESTINAÇÃO

Por Pr. Elton Gomes Lucas

“Vós, os viventes atribuís ao Céu as causas de todos os efeitos, como ser por ele tudo  determinado. Se assim realmente acontece, destruído o livre-arbítrio, não seria justo  receber alegria pelo bem e dores pelo mal” (Dante Alighieri).

Talvez a principal discussão entre teólogos evangélicos seja a questão da predestinação. A Bíblia não deixa dúvidas quanto a existir uma escolha ou predestinação de Deus em relação à salvação. A discussão diz respeito a qual critério Deus utilizou para essa decisão: Sua Soberana Vontade ou Sua Presciência. Os Calvinistas defendem a primeira hipótese, enquanto os Arminianos, a segunda. É interessante que existe muitos livros escritos por Calvinistas defendendo a primeira hipótese, mas, embora a maioria das denominações defendam o Arminianismo, poucos são os que escrevem sobre ele. Minha intenção aqui é demostrar porque a tese Arminiana é mais bíblica, ou, para ser mais preciso: é a que representa coerência com as Escrituras.

Para isso, vamos utilizar como base o texto de I Pe 1: 2, o qual apresentamos abaixo em diversas traduções:

Escolhidos de acordo com a pré-conhecimento de Deus Pai, pela obra santificadora do Espírito, para a obediência a Jesus Cristo e a aspersão do seu sangue: Graça e paz lhes sejam multiplicadas (NVI).

Eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo, graça e paz vos sejam multiplicadas (ARA/ACF/ARC/AEC).

Escolhidos em conformidade como a presciência de Deus Pai, pela obra santificadora do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo, graça e paz vos sejam multiplicadas (KJ).

Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, e santificados pelo Espírito, para obedecer a Jesus Cristo e receber sua parte da aspersão do seu sangue. A graça e a paz vos sejam dadas em abundância (Ave Maria).

Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, pela santificação do Espírito, para obedecer a Jesus Cristo e participar da bênção da aspersão do seu sangue. Graça e paz vos sejam concedidas abundantemente! (Jerusalém).

Escolhidos de acordo com o pré-conhecimento de Deus Pai, e separados pelo Espírito para a obediência a Yeshua, o Messias, e a aspersão de seu sangue: Graça e Shalom sejam de vocês em plena medida (Judaica completa).

Eleitos pelo desígnio de Deus Pai, pela consagração do Espírito, para se submeterem a Jesus Cristo e serem aspergidos com seu sangue: a vós graça e paz abundante (Peregrino)

Vocês foram escolhidos de acordo com o propósito de Deus, o Pai. E pelo Espírito de Deus vocês foram feitos um povo dedicado a ele a fim de obedecerem a Jesus Cristo e ficarem purificados pelo seu sangue (NTLH).

Eleitos, segundo os desígnios de Deus Pai, pela santificação do Espírito, para obedecer a Jesus Cristo e ter parte na aspersão de seu sangue (TEB).

Deus, o Pai, escolheu vocês há muito tempo e, por isso, sabia que se tornariam seus filhos. E o Espírito Santo tem operado no coração de vocês, purificando-o com o sangue de Jesus Cristo e fazendo-os desejosos de agradar-lhe (Viva).

Analisando essas traduções, vemos que a seis primeiras (as traduções baseadas no texto de João Ferreira de Almeida foram colocadas juntas, porque no versículo citado elas coincidem) apresentam a presciência ou o pré-conhecimento de Deus como o critério para a eleição, enquanto as últimas quatro apresentam os desígnios ou propósitos de Deus como critério para a eleição. Assim, é mister, começarmos nosso estudo fazendo uma exegese no texto original para optarmos por uma dessas propostas. A palavra traduzida por presciência, ou desígnios de Deus, é prognõsis, que é um substantivo grego correspondente ao verbo proginõskõ, o qual aparece em Rm 8 : 29 – “Os que dantes conheceu, também os predestinou…” – e significa literalmente conhecimento prévio. Desta forma, jamais poderia ser traduzido como desígnio ou vontade de Deus.

Portanto, podemos afirmar claramente que o critério para a escolha de quem seria salvo nunca foi a vontade de Deus, a qual está expressa em I Tm 2: 4 – “Deus quer que TODOS se salvem”, e sim o conhecimento prévio de Deus. Uma vez estabelecida a salvação através da morte de Jesus Cristo, que morreu para salvar a todos os homens (Tt 2: 11), todos os que receberem essa morte com fé serão salvos. Como Deus, de antemão, sabiam quem eram aqueles que receberiam a Jesus, a estes predestinou para serem salvos.

Os Calvinistas vão se basear em cinco pontos, representados em inglês pela sigla TULIP: Depravação Total, Eleição Incondicional, Expiação Limitada, Graça Irresistível, Perseverança dos Santos.

A Depravação Total diz respeito a condição caracterizada pelo pecado em todos os homens, isto é, todos pecaram. Tal afirmação condiz com a Bíblia, que demostra que “Todos pecaram e carecem da Graça de Deus. Em relação a isso, não existem divergências entre as duas linhas de pensamento.

A Eleição Incondicional vai afirmar que a escolha divina não se baseia em mérito ou na fé das pessoas que são escolhidas. Ou seja, Deus escolhe quem Ele quer, baseado unicamente em sua vontade. Os Arminianos vão concordar que a salvação vem da Graça somente e que não depende de mérito humano, pois levaria à glória desses. Entretanto, não concordam que a fé não seja base da escolha. Conforme Ef 2: 8-9: Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; assim, a fé é critério para a escolha e depende do ser humano, sem, contudo, anular a Graça, pois acreditar na Graça e nos seus efeitos não faz de quem tem fé merecedor da obra de Cristo.

A Expiação Limitada afirma que Cristo morreu para salvar os escolhidos. Tal proposição anula o texto de Tito 2: 11, já citado. Segundo a Bíblia, Cristo morreu para salvar todos os homens e “A todos os que o receberam deu-lhes o poder de se tornarem Filhos de Deus”. A obra de Cristo salva a todos os que o receberem. Receber Jesus é decisão humana.

A Graça Irresistível vai defender que ninguém é capaz de resistir à Graça de Deus. Essa é mais uma doutrina que nega fatos determinantes nas Escrituras. Na Parábola do Semeador, três das sementes representam pessoas que, por motivos diversos, recusaram o braço estendido da Graça. O jovem rico também recusou e existem diversos outros exemplos de recusa da Graça na Bíblia. Considero a Graça de Deus o maior poder que existe no mundo, mas esse poder não obriga ninguém a aceitá-la.

Finalmente, a Perseverança dos Santos diz que uma vez salvo, o homem sempre estará salvo. Mas, será que é isso que Hb 6: 4-6 afirma. Ou será que a verdade é o que está em Mt 24:  13 – “Mas aquele que perseverar até o fim, esse será salvo.

Um outro texto importante para a reflexão é o de II Pe 2. Citaremos aqui duas passagens do referido texto: E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. Dentro da visão Calvinista, Jesus teria morrido para salvar somente os eleitos. Contudo, o texto citado mostra pessoas que foram resgatadas pelo Senhor e depois o negaram, o que destrói tal tese.

Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro.
Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado. Aqui o texto trata de pessoas que estavam salvas e deixaram de estar, negando o “uma vez salvo, sempre salvo”. A leitura de todo o texto de II Pe 2 traz a visão clara da condenação ao inferno de pessoas que teriam sidos resgatadas por Jesus.

Desta forma, podemos afirmar, com base nas Escrituras, que a tese Arminiana que define a escolha humana como o crucial para a salvação é a correta. Explicando melhor: Através de Jesus, Deus salvou a todos os homens e a estes entregou a escolha de quererem ou não serem salvos. É difícil reconhecer isto: Só vai para o inferno quem quiser. A escolha é do homem. A mão da Graça está estendida e não se recolherá até a volta de Cristo. Todavia, a maioria dos homens continuam rejeitando a Graça de Deus todos os dias.

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